O terror histórico-cultural de INCORRVPTVS

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Janderson Felipe

Dentro de um cinema alagoano que está cada vez mais ganhando força e revelando nomes e aspectos, INCORRVPTVS é uma injeção de energia por buscar agregar o terror a esse cinema, sem esquecer uma marca regionalista e a memória local.

O terror tem diversas facetas enquanto gênero cinematográfico. Uma delas é se utilizar dos contos que você ouve dos mais velhos ou as lendas envoltas dos bairros e cidades. Afinal, o que não falta são histórias sombrias e tenebrosas em nossos centros urbanos. Histórias que, conforme atravessam gerações, tomam novos contornos.

É dessa faceta que nasce INCORRVPTVS. Com ar de conto histórico, temos um exercício de gênero difícil de encontrar em terras alagoanas. Porém, a ideia não é se pautar pela historicidade, e sim se utilizar dela para desenvolver a sua história. É aí que entra o terror.

Andrey Melo não se poupa em usar artifícios do terror e horror para contar a sua história. Parece beber de fontes do terror atual, como “O Chamado”, “A Bruxa” e “Invocação do Mal”, filmes que são levemente referenciados. Entretanto, a obra também se perde em não conter os mais diversos simbolismos tradicionais do terror em momentos da projeção, que ficam deslocados da história contada. Se torna problemático o quanto sobra de conteúdo, fazendo não deixar o terror fluir naturalmente.

Não é difícil fazer um paralelo com a opressão masculina, que entre uma criança e uma velha não distingue quem será sua vítima. O terror em INCORRVPTVS é de ordem histórico-cultural. Ele é uma manifestação da crueldade do homem: a chama sobreposta às outras.

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